Heróis
de Verdade - Atividade de Intertextualidade
Entenda
o caso
TEXTO
1
Vítor foi espancado no último dia 2 ao intervir em uma agressão a um morador de rua. Ele permanece internado no Hospital Santa Maria Madalena, na Ilha.
De acordo com o hospital, foi preciso
implantar oito placas de titânio na testa e no céu da boca da vítima, assim
como 63 parafusos, enxerto e três membranas
protetoras, entre outros.
O crime aconteceu na Praça Jerusalém, no
Jardim Guanabara, área de classe média alta na Ilha.
O pai de um dos agressores, que não quis se
identificar, disse que a família também está sofrendo.
- Ninguém cria um filho para ser agressor ou
agredido. O sofrimento é de todo mundo.
Todos os suspeitos são jovens de classe média
alta. Os socos e chutes contra o estudante só pararam depois que o amigo dele
se jogou sobre ele para impedir o espancamento. Vítor ficou desacordado. Um dos
agressores tentou justificar o ataque ao morador de rua e teria falado que,
pela manhã, o pai dele iria fazer uma caminhada pelo local e que não queria
passar por um mendigo no caminho.
TEXTO
2
Luana
Piovani, grávida de oito meses, se sensibilizou com o caso de Vítor Suarez
Araújo, o rapaz que foi agredido por cinco jovens ao defender um morador de Rua
na Ilha do Governador, e escreveu uma carta em seu site oficial.
Leia
na íntegra:
“Meu
querido Vitor, não nos conhecemos, mas saiba que depois que vi seu rosto ontem
no jornal, me sinto intima de você... Como fã sente- se em relação ao seu
ídolo. Saiba que andava sem ídolos há tempos e fico feliz em ter de novo. VOCÊ!
Acompanhei o que aconteceu do começo e senti imensa alegria ao vê-lo saindo do
hospital, sorrindo e fazendo o símbolo de paz e amor. Você é meu herói! Li
também que sua mãe, dizia a matéria, teria se arrependido de ter te ensinado a
ser cidadão e generoso e eu a entendo. Nela, a agressão que sofreu, deve ter
doido muito mais que em você. Mas diga a ela que tenho orgulho dela também!
Você representou tudo àquilo de bom que tentamos semear, multiplicar. O que as
mães almejam quando ensinam seus filhos o certo e o errado. Você representa a minha
mãe, minha avó, meu irmão, meus professores, o pastor da minha igreja, a mim,
ao meu filho e a tantos brasileiros e seres humanos que ainda acreditam que
este planeta será um lugar digno de se viver. Adoraria dar lhe um abraço. Em
você e na sua mãe... Que você curta seus hambúrgueres, seus jogos no
computador, que sare logo, que seja feliz e que tenha looonga vida. Beijo bem
grande, sua fã, Luana Piovani”.
http://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/noticias/estudante-espancado-passa-por-exames-antes-de-alta-e-esta-confiante-na-recuperacao-20120208.html
TEXTO 3
Na madrugada do dia 3 de fevereiro, Vítor
estava em um quiosque na zona norte do Rio com o amigo Kleber Carlos de Souza,
que viu tudo. “Eu vi os rapazes agredindo o morador de rua”, lembra.
Um mendigo estava sendo espancado por cinco
jovens. Na tentativa de interromper a covardia, Vítor e Cléber se aproximaram
dos agressores. “Eu não fiz nada demais. Só fui conversar para que aquilo
parasse”, diz Vítor. “E o Vitor chegou também, pedindo, e foi agredido. De
repente, de surpresa, o Tadeu já estava imobilizando o Vítor. O William estava
dando socos no rosto dele”, conta Kleber. Tadeu Assad Ferreira tem uma
condenação por agressão em 2010. William Bonfim Nobre responde a processo por
agressão. “Os outros, na mesma hora, vieram com inúmeros pontapés no rosto
dele. Ele chegou a desmaiar”, diz Kleber.
Os
outros são Rafael Zanini, Felipe Melo dos Santos e Edson Luiz Júnior. Os cinco
acusados estão em prisão temporária. “Até a hora em que eu consegui chegar até
o Vitor e fiquei em cima dele com os braços abertos, alguém deu a volta, veio
por trás de mim e deu um chute na nuca dele”, conta Kleber.
Foram 15 fraturas no rosto de Vítor,
reconstruído com placas de titânio e 63 parafusos. “Simplesmente chegar e
agredir o cara porque ele está deitado ali na rua, porque ele está passando
mal. Não é assim. Não é assim que tem que ser. Não é assim que vai ser, se eu
puder fazer alguma coisa”, afirma Vítor.
Na internet, Vítor passou a ser tratado como
herói. Ele descarta o elogio e considera o que fez um ato simplesmente humano.
“Se você não aceita aquilo ali, você fica indignado e você não faz nada, você
não está nem vivendo a sua vida, você está aqui só de espectador”, declara
Vítor.
“Nós estamos tão acostumados a que pessoas só
interfiram em assuntos que são do interesse dela, na vantagem dela ou de
pessoas muito próximas, que ter a ideia de que alguém haja gratuitamente,
apenas por bondade, por solidariedade humana nos espanta”, acredita o filósofo
Renato Janine Ribeiro.
No bairro onde os agressores são conhecidos
pela violência, à mãe de Vítor criou dois filhos. “Eu passo o que é normal
passar, o que todas as pessoas devem passar o que eu acho que a maioria das
pessoas com quem eu convivo passa para os seus filhos: respeito. A pessoa,
independente da classe social dela, é um ser humano. Respeito”, diz a mãe do
jovem.
Qualquer caso de violência deve ser resolvido
pela polícia, que precisa ser chamada imediatamente pelas testemunhas que estão
no local. Mas o impulso de Vítor foi maior que as recomendações de segurança.
Ele foi movido por um princípio básico da vida em sociedade: o respeito ao próximo.
A covardia contra o estudante deixou a mesma sociedade perplexa.
Para a presidente de uma organização de
defesa dos direitos humanos, Vítor não foi à única vítima. “A sociedade foi
agredida, toda ela, quando o Vítor foi espancado. O que foi espancado foi a
nossa esperança de que essa sociedade seja cada vez melhor”, afirma a escritora
Rosiska Darcy de Oliveira.
As próximas duas semanas são decisivas para a
avaliação da cirurgia que Vítor enfrentou. “Às vezes, eu penso: ‘será que vai
ficar igual? ’. Mas se não ficar também, do jeito que está já está ótimo.
Poderia ter ficado pior. Poderia não estar aqui, poderia estar com sequela. Eu
sempre acho que o que a vida me reserva é o melhor”, diz o jovem.
Mas Vitor mantém o humor. Ele até faz um
apelo: “A minha mãe ainda não me autorizou a comer um hambúrguer, não acreditei
quando ela falou que não ia deixar eu comer um hambúrguer. É um absurdo fazer
isso com uma pessoa nesse estado. Eu peço em rede nacional que lancem a
campanha: ‘Mãe do Vítor, deixe ele comer o hambúrguer’. Isso é um absurdo. Eu
sobrevivi a cinco pessoas me batendo, mas não vou sobreviver a um hambúrguer,
na cabeça da minha mãe”, brinca.
QUESTÕES
SOBRE O TEXTO 01
1) Por que Vítor foi
espancado?
2) Por que o pai de um dos
agressores disse que todos estão sofrendo? A quem exatamente ele se refere?
Qual será, de acordo com a leitura do texto, a posição desse pai em relação à
atitude do filho agressor?
3) Qual a justificativa
dada por um dos agressores? Você acha que isso justifica mesmo o ocorrido? Por
quê?
TEXTO 2
4) No texto1, a fala do pai
do agressor: - " ninguém cria filho para ser agressor ou agredido"
tem uma relação com o texto 2 sobre a opinião de Luana Piovani. Retire do texto
2 a justificativa da fala do pai.
5) Por que a mãe de Vítor
teria se arrependido de tê-lo ensinado a ser cidadão e generoso?
6) Por que Luana Piovanni
se tornou fã de Vítor?
7) A atriz Luana Piovani
afirma que há muito tempo não tinha um herói.
a) Qual a definição de
herói?
b) Considerando o contexto
político-econômico-social em que vivemos, por que não era possível que ela
tivesse um herói?
TEXTO
3
8) Qual a função das aspas
(“ “) na frase: . “Eu vi os rapazes agredindo o morador de rua”, lembra.
9) Disserte um parágrafo
sobre o significado da frase “A sociedade foi agredida, toda ela, quando o
Vítor foi espancado. O que foi espancado foi a nossa esperança de que essa
sociedade seja cada vez melhor”.
10) Vítor passou a ser
tratado como herói, mas recusa o título. Por que ele não aceita a honraria?
11) Na sua opinião o que
levou os jovens a agredirem o mendigo, e por que Vitor resolveu interceder?
12) A mãe de Vitor diz que
se arrepende de ter criado um filho cidadão. Você concorda com isso?
Justifique:
13) Qual seria a razão para
que o mundo hoje passe por essas barbaridades entre os homens? Cite algo que
você acha que deveria fazer para mudar as atitudes do homem:
ATIVIDADES DE PRODUÇÃO
TEXTUAL
1) Escreva uma carta de
solidariedade ao Vitor como fez Luana Piovani.
2) Produza um texto de
repúdio às atitudes dos agressores.
TEXTO
COMPLEMENTAR
“Heróis”
do Big Brother
Recebi há pouco este e-mail, uma carta aberta
para o apresentador Pedro Bial, da TV Globo. Acho que merece leitura e
reflexão.
Prezado Senhor Pedro Bial, Digníssimo
Jornalista, apresentador da Rede Globo de Televisão.
Confesso Sr.Bial que não sou espectador do
programa o qual o senhor apresenta.
Talvez para felicidade da minha cultura e
para infelicidade do índice de audiência, ao qual seu programa está atrelado.
Mas, tive durante um dia desses, num dos raros casos fortuitos que o destino apresenta
a oportunidade de, por alguns minutos, apreciar o tão falado Big Brother
Brasil, o BBB.
Para minha surpresa, durante uma ou duas
vezes o senhor, ao chamar os.
Participante para aparecerem no vídeo o fez
da seguinte maneira:
- Vamos agora falar com nossos heróis!
De imediato tive uma surpresa que me fez
trepidar na cadeira. Heróis?
O senhor chama aqueles que passam alguns dias
aboletados numa confortável casa, participando de festas, alguns participando
até de sessões de sexo sob os ededrons, falando palavras chulas e no fim
podendo ganhar um milhão de reais, de heróis?
Pois bem Sr. Pedro Bial, eu trabalho numa
Plataforma Marítima que se localiza a aproximadamente 180 km da costa
brasileira e contribuímos, mesmo modestamente, para que o nosso País alcançasse
a autossuficiência em petróleo e continuamos lutando, todos nós, para superar
esse patamar.
Neste último dia 26 de Fevereiro presenciamos
um acidente com um dos helicópteros que faz nosso transporte entre a cidade de
Campos e a Plataforma. As imagens que ficaram em nossa mente Sr. Bial irão nos
marcar para o resto das nossas vidas. Os seus ‘heróis’ Sr. Bial, são meros
coadjuvantes de filmes de segunda categoria comparados com os atos de heroísmos
que presenciamos naquele momento.
Certamente o Senhor como Jornalista que é,
deve estar a par de todo o acontecido. Mas sei que os detalhes o Sr.
desconhece.
Pois bem, perdemos alguns colegas. Colegas
esses, Sr Bial, que estavam indo para casa após haver trabalhado 15 dias em
regime de confinamento.
Não o confinamento a que estão sujeitos os
seus ‘heróis’, pois eles têm toda uma parafernália de conforto, segurança e bem
estar, que difere um pouco da nossa realidade. Durante esse período de quinze
dias esses colegas falaram com a família apenas por telefone. Não tiveram
oportunidade de abraçar seus filhos, de beijar suas esposas, de rever seus
amigos e parentes… Logo após decolar desta Plataforma com destino a suas casas
o helicóptero caiu no mar, ceifando suas vidas de modo trágico e desesperador.
E seus ‘heróis’ Sr. Bial, a que tipo de risco
eles estão expostos? Talvez aos paredões das terças-feiras, a rejeição do
público, a não ganhar o prêmio milionário ou a não virar a celebridade da
próxima novela das oito.
Os heróis daqui Sr. Bial foram aqueles que desceram
num bote de resgate, mesmo com o mar apresentando um suel desafiador. Nossos
heróis Sr. Bial desceram numa baleeira, nossos heróis foram os mergulhadores,
que de pronto se colocaram à disposição para ajudar, mesmo que isso colocasse
suas vidas em risco. Nossos heróis Sr. Bial, não concorrem ao prêmio de um
milhão de reais, não aparecem na mídia, nem mesmo os nomes deles são
divulgados. Mas são heróis na verdadeira acepção da palavra. São de carne e
osso e não meros personagens manipulados pelos índices de audiência. Nossos
heróis convivem aqui no dia-a-dia, sem câmeras, sem aparecerem no Faustão ou no
Jô Soares.
Heróis, Sr. Bial são todos aqueles que
diariamente, saem das suas casas, nas diversas cidades brasileiras, chegam à
Macaé ou Campos e embarcam com destino às Plataformas Marítimas, sem saber se
regressarão as suas casas, se ainda verão seus familiares, ou voltarão ilesos,
pois tudo pode acontecer: numa curva da estrada, num acidente de Helicóptero,
no vôo comercial de regresso a sua cidade de origem….
Não tenho autoridade suficiente para
convidá-lo a conhecer nosso local de trabalho e consequentemente esses nossos
heróis, mas posso lhe garantir Senhor Bial, que caso o Sr. estivesse presente
nesta plataforma durante aquele fatídico acidente seu conceito de herói
certamente seria outro.
Carlos
Augusto Lordelo Almeida.
Técnico
de Segurança
Plataforma P-XVIII / UN-BC/ATP-MRL/OP-P18/GEPLAT
Plataforma P-XVIII / UN-BC/ATP-MRL/OP-P18/GEPLAT
Com base na leitura dos textos acima elabore um texto argumentativo com o tema
“Quem são nossos heróis?”
Atividade Produzida Pela Professora Sílvia Pinheiro
Postagem: José Evânio
Coordenador do LEI - II